sábado, 12 de abril de 2014

Exercendo a humanidade

(Rascunho)

O titulo pode sugerir que falaremos sobre atos humanitários, ajuda ao próximo ou caridade. Não muito longe disso quero ir um pouco mais fundo em mim mesmo. 
Como eterno perguntador que sou, constantemente indago dentro de mim questões que movimentam gigantescas torrentes. 

Até que ponto temos exercido nosso direito de expressar os sentimentos humanos? 
Quanto de nós temos gasto para nos adequar aos padrões que a sociedade impõe? 
Sentimentos castrados, sonhos abortados, ressentimentos cativos... 

Guardamos muito de muita coisa na mente e coração, nos calamos quando devemos falar para não ferir, não magoar, não matar e é ai que a dor se manifesta mais intensa. Quando nos privamos de falar,  quase sempre para proteger o próximo desencadeamos uma espécie de ritual harakiri (suicídio ninja) lento e doloroso. 
Pessoas são em sua maior parte dotadas da incrível capacidade de julgar injustamente, do raríssimo e ainda não estudado dom de sondar corações e da dádiva de saber o que se passa na mente do outro apenas pelo olhar. 

O silêncio é arma para os sábios e veneno para os ansiosos. 

sábado, 1 de março de 2014

Alma em Retalhos

O esqueleto humano é a estrutura responsável por manter protegidos nossos órgão vitais. O cranio protege o encéfalo. As costelas por sua vez guardam o pulmão e o coração. Contudo, há em nós uma estrutura muito mais complexa a ser preservada, para ela não existe blindagem física, tudo está na mente, tudo está no coração: Ela é a alma. Dela exalam as emoções, sensações e sentimentos, a linha tênue entre a harmonia com Deus e a perdição dos sentidos. O Aurélio a define como “principio espiritual do homem”, mas ela também está no fim, na verdade está em tudo e em todos.

No hebraico “nephesh” ela é “vida”, no latim “animu” é “aquele que anima”. Em minha simples opinião é a essência sobreexcelente do ser imortal, ou seja, a alma não pode morrer.
Enquanto os ossos sustentam o corpo físico a alma sustenta a mente, - os cientistas discordam. - um mero ressentimento é capaz de envenená-la e pôr tudo a perder.


“Cortar em várias peças, talhar, fender de alto a baixo, ferir, matar a golpes.” São essas as principais definições que o dicionário associa ao termo RETALHAR. No que se refere aos instrumentos usados para tal ato encontramos os mais diversos: facas, tesouras, punhais, espadas, entre outros. Tantos artefatos, no entanto não são sequer capazes de ferir a alma, no sentido literal da palavra. O que seria então suficientemente poderoso para tocar no impalpável? 
Palavras! Elas são mais cortantes que qualquer espada conhecida, mais intrigantes que a alotropia do carbono em diamante, mais poderosas que os reinos da antiguidade. Sim, somente as palavras retalham a alma.

O poder da palavra é a arma letal que já vem embutida em todo homem, ainda que seja menor órgão do corpo a língua incendeia uma floresta. As palavras são poderosas em todos os aspectos, erguem e derrubam reinos, salvam e levam vidas a perdição, libertam e aprisionam almas.
Tal como o diamante não pode ser riscado por nenhuma outra substância que não ele mesmo, a alma só pode ser “riscada” por outra alma, mas precisamente pelo que a outra alma diz. Nada retalha mais a alma que o seu igual.

Há uma grande confusão entre as palavras “retalhar” e “remendar”, muitos as consideram sinônimos, porém são opostas ainda que complementares.
Retalhar a alma é repartir, rasgar, dilacerar, causar feridas que uma vez abertas levam tempo para sarar – se sararem. Remendar por outro lado é reconstruir, costurar, unir o que foi despedaçado, curar.
O que interessa para nós neste momento é saber como transformar em remendos as partes desta alma retalhada, onde as experiências que resultaram em retalhos devem ser aproveitadas e os sentimentos acumulados não! Não há como reconstruir sem antes desconstruir e renovar votos, crenças, convicções, etc. Não se deve usar remendo novo em pano velho, porque o remendo novo cede sobre o velho e a rotura é maior.

Uma vez que as palavras rompem a alma também tem poder de fazê-la viver novamente, voltar a superfície e ser livre como a alma deve ser. Sofremos com as perdas, lutas, dores, frustrações e tudo isso retalha parte de nós, mas ninguém além de si mesmo é responsável pela continuidade de dilaceração da alma. Nós podemos impedir que a carnificina espiritual se prolongue e perpetue. Precisamos Gritar! Dizer não a morte por tabela e decidir quais rumos daremos para o futuro. Usar as palavras para gerar vida e vida com abundância de dias e de alegria. É tempo de juntar os retalhos e remendar a alma, reconstruir aquilo que foi devastado e ser leve, ser livre, ser feliz.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

"Depósitos de Gente"

Sempre esteve muito claro para mim que cada pessoa que passa por nossa vida deixa em nós um pedaço de si. Manias, palavras, memórias, ensinamentos, costumes e até aborrecimentos, tantos aspectos quanto somos capazes de absorver. Cada relacionamento traz consigo um peso diferente e por osmose suas consequências. Quer seja uma simples amizade, quer seja um tórrido caso de amor, os fragmentos sempre ficarão. É um fenômeno físico, simples em sua essência, mas também é químico e altera as estruturas mais complexas do ser, poeticamente falando. Físico pelas mudanças que pode causar no corpo, marcas que se tornam permanentes e por vezes eternas, mas que não alteram quem somos.
Químico porque mexe na mente, capaz de transformar o doce em amargo e nos trazer a uma nova dimensão de transformações nunca antes vistas.

O que me inebria é como, sem perceber, nos tornamos “depósitos de gente”. Há de fato dentro de nós uma multidão de pessoas que influenciam nossas decisões e escolhas das mais simples as mais complexas. A cada instante um novo ser luta para prevalecer em ideias e posições, para não ser apenas mais um na multidão de nossa psique. Quem passa por nossas vidas nunca se vai totalmente e acaba ficando guardado nos becos escuros de nossos corações, mesmo contra nossa vontade. Somos de certa forma torturados pelos fantasmas de um passado que se recusa a desaparecer como seria comum. Prendemos inconscientemente pessoas que deveríamos por obrigação deixar ir e nos esquecemos de quem realmente deveríamos lembrar.

“Depósitos de gente” são pessoas que guardam dentro de si muito mais do que recordações carinhosas, as experiências vividas produzem muito mais do que lembranças e o desejo de voltar aos “dias de glória” de um passado distante – ou não – é latente tão quão inconsciente. Talvez por uma carência intensa e não tratada ou por medo de não conseguir ser feliz novamente no futuro incerto nos trancamos em um mundo utópico, onde a perfeição é ilusória, afinal, dentro de nós sabemos que esta não existe.




Meditando sobre os últimos acontecimentos de minha vida me dei conta de que pelo menos três pessoas com que me relacionei nos últimos tempos poderiam facilmente voltar para ela se assim quisessem, isso falo sobre as mulheres que amei/amo, se considerasse as amizades e afins a lista certamente cresceria consideravelmente. Essas três em especial são mulheres que amei muito, e de certa forma ainda amo. Uma palavra seria mais que suficiente para que alguma delas – ou todas - retornasse para meu coração, lugar de onde nunca saíram, na verdade. Por um auto e leviano julgamento entendi que essas pessoas não podem viver e se acumular dentro de mim por tanto tempo como tem vivido e que delas preciso me livrar. 

Temos um coração e nele há espaço suficiente para amar quem quer que seja, mas isso não significa que precisamos alimentar esse amor.

Somos criados na maioria das vezes para nos tornar homens de bem, fiéis, provedores, bons de cama e pais, mas quantos se perdem nos túneis do conhecimento enquanto se descobrem? E quantos perdidos não conseguem encontrar o caminho de volta? É por isso que encontramos tantos cafajestes, não os "cafajestes" na cama, desses eu sei que elas gostam, mas cafajestes no pior sentido da palavra.

Em tempos de crise “se esvaziar” é antes de tudo necessário. Levantar a tampa da caixa e respirar um ar puro, não mais o rarefeito pelo peso dos acontecimentos anteriores, mas uma atmosfera leve, brisa, mar.
Espantar tais fantasmas não é tarefa das mais fáceis, acostumemo-nos com a realidade de que a vida nunca é fácil. Limpar, lavar, varrer, espanar a poeira e abrir espaço para “depositar” outras pessoas - e não falo de uma vida "prostituta" ou de ser mais um "na pista pra negócio" – é a ordem do momento.
Sejamos enfim depósitos e também distribuidores de amor, paz, respeito, felicidade, prazer e tudo que há de bom.
Pessoas? Também tem seu espaço, (o que seria de nós sem elas?) mas não devem se amontoar e ocupar lugar maior do que o necessário, tudo tem seu tempo, seu espaço e sua vez.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Nas Prateleias

Meu coração já foi parar lá...
É lá que meus livros estão também...
Quando criança estavam meus brinquedos...
E hoje meus pensamentos.

Inauguro o meu "milionésimo" (talvez quinto ou sexto) blog com a esperança de que este seja definitivo e amplamente libertador, para mim e para os pensadores que assim como eu encontrarem refúgio aqui.
Não tenho intenção - e nem capacidade intelectual ou acadêmica - de ser psicologo  psicanalista ou uma espécie de guru. Busco apenas externar aquilo que dentro de mim tão é real que quase chega a ser tangível.


Sejam bem vindos!!!